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26.11.16

A TI ESPERANÇA DOS OLHOS VERDES PARTE II




Quem conheceu o Terreiro do Paço naquela época, sabe que  em frente à estação fluvial que ligava Lisboa ao Barreiro, havia ali havia um verdadeiro mercado ambulante.
Mulheres e homens vendiam bananas, amendoins, bolos, lenços, roupas de bebé, bonecas, brincos, pentes, braceletes, rádios, óculos e muito mais. Os táxis, chegavam à porta da estação por uma rua, depois havia um passeio largo, outra rua por onde os carros saíam outro passeio e só depois a estrada principal junto aos edifícios ministeriais.  Por esses passeios se amontavam vendedores ambulantes.
E então por entre o burburinho, ouvi de novo:
- Cinco cartas dez tostões!
Olhei e vi-a. Era uma mulherzinha que talvez não tivesse mais de quarenta anos, embora aparentasse muitos mais. Mas é sempre difícil, saber ao certo a idade das pessoas, para quem a vida foi madrasta. Envelhecem mais depressa, dos trabalhos e provações, do que com o passar dos anos.
Franzina, de pele morena. Poderia ter sido muito bonita na juventude, mas já não lhe restava nada dessa beleza. Seria até considerada uma mulher vulgar, não foram os seus maravilhosos olhos verdes, de brilho intenso, como se neles se concentrasse toda a juventude, que o seu corpo deixara para trás há muito.
Fiquei fascinada com aqueles olhos. Reparei como olhava repetidas vezes para o mar, porém não podia ficar ali mais tempo, pois estava na hora de ir para o trabalho.
 Desde que a vi a primeira vez, não mais pude deixar de a procurar com o olhar, sempre que ouvia o seu pregão.
E então imaginava bonitas histórias, em que ela era a protagonista. Foi assim que um dia me apercebi que os olhos verdes da mulher ficavam às vezes de um tom azulado, tal como o mar em dias de calmaria.
Chegou o mês de Agosto, e como em todos os anos, o laboratório encerrou para férias. Decidi passá-las em Lisboa em casa dos meus tios, já que não dispunha de verba, nem autorização dos pais para ir para qualquer lugar sozinha. Com os meus tios, gozava de ampla liberdade, desde que não tivesse namorado. Eu tinha-o, mas ele estava em África numa comissão, por isso eles me deixaram ficar lá em casa. Era a oportunidade de eu conhecer a cidade que me encantava desde menina. Como tinha passe, não parava em casa, sempre desejosa de novas descobertas. E foi nessa altura que me ocorreu descobrir, se as minhas fantasias a respeito da vendedora de cartas tinham algum fundamento. Tomada a decisão, logo a pus em prática.


21 comentários:

cantinhovirtualdarita disse...

Olá boa tarde vim deixar um abraço e convidar vc para participar do sorteio de Natal espero sua visita
Abraços com carinho!

└──●► *Rita!!

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Gosto demais desse espaço por mostrar Portugal antigo, terra de meus ancestrais, país que tanto amo. Portugal era e é lindo. Aqui é prestado um serviço de utilidade pública em defesa da História. Parabéns! Grande abraço. Laerte.

maria disse...

Que histórias de vida, estarão por detrás dos olhos verdes da vendedora de cartas!?...

Edum@nes disse...

A mulher dos olhos verdes,
às vezes pareciam da cor do mar
pelo Terreiro do Paço quantas vezes
para os ver amiga Elvira por lá passar?

Decorridos muitos anos,
uma bela história escreveu
para nos contar sem enganos
bem por isso a pena valeu!

Já agora uma pergunta, que espero saiba responder,como passou muitas vezes pelo Terreiro do Paço! Qual é pata direita de Dom José I?

Tenha uma boa tarde de sábado amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Edum@nes disse...

Corrijo: Qual é a pata direita do cavalo de Dom José I?

paideleo disse...

Outro misterio para resolver.
Espero novidades.

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
ESTOU ANSIOSA PELAS DESCOBERTAS.
ABRÇS

http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Tintinaine disse...

Passei por aqui para desejar um bom domingo!

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história e desejar um bom domingo!



Isabel Sá
Brilhos da Moda

António Querido disse...

A primeira vez que fui a Lisboa, foi em 1947, tinha 5 anos de idade, vi tanta coisa linda que fiquei encantado porque a cidade maior que conhecia era Coimbra, fui para ficar dois dias e fiquei uma semana em casa duma amiga da minha mãe, voltei em 1962 já como marinheiro, a partir daí foi sempre a navegar de vento em popa, a sorrir para a vida e ela a sorrir para mim!
Um bom domingo com o meu abraço.

Olinda Melo disse...


Muito bem :)
Esperemos pelo desenvolvimento ou... acompanhemo-la nessa descoberta.

Bj

Olinda

Zé Povinho disse...

Na dúvida nada como perguntar e e tentar descobrir a verdade...
Abraço do Zé

Lua Singular disse...

Oi elvira,
Vocês que moram aí em Portugal fica mais fácil entender as suas Histórias como essa.
Mas vou lhe dizer uma coisa, minha família todos tínhamos olhos verdes. Agora meu verde sumiu quase que na totalidade. Não sei o que aconteceu, talvez as 4 cirurgias a laser que fiz com uma excelente oftalmologista de uma metrópole não longe da minha cidade.Uma vista tinha perdido totalmente quando morreu minha irmã bem longe da minha cidade.
Agora da pro gasto.kkk
Vou tentar não perder nenhum capítulo
Beijos
Lua Singular

Elisa disse...

Que saudades de vir aqui com calma e comentar! Há fases assim de correria maior. Gosto imenso de si e jamais poderia deixar de aqui vir. Um grande beijinho
elisaumarapariganormal.blogspot.pt

aluap disse...

São tantas as mudanças na vida das gentes portuguesas, que vou gostar de recordar como era a vida em Lisboa nos anos sessenta do século passado e estabelecer uma comparação com os anos que se seguiram, sobretudo os actuais e também saber dessa mulher de olhos verdes.
Beijinhos e boa semana.

Janita disse...

Agora fiquei verdadeiramente curiosa. Curiosa e encantada com essa fase da sua vida, Elvira.
Devia ser bom andar de carro eléctrico pelas ruas de Lisboa, livremente, sem hora nem tempo para chegar a casa ou ao trabalho.

Gosto de observar as pessoas que passam na rua por mim. No Verão, sento-me na esplanada de uma confeitaria na Rua de Sta. Catarina e fico olhando o formigueiro de gente andando, uns para lá outros para cá.
Aguardo para saber se falou com a senhora dos olhos verdes-azuis.

Um abraço, boa semana.

Rui disse...

Conheci Lisboa em meados da década de 50 ! Estou a imaginar com esses olhos as descrições que nos está a fazer daquele local da saída dos barcos e do Terreiro do Paço !
... mas certamente que a "trama" se irá desenrolar em volta da ti Esperança dos olhos verdes, das 5 cartas 10 tostões !
Quanto estranho e delicado teria sido o passado daquela mulher de olhos lindos e alma cheia de penas ? ...
Veremos !

Abraço, Elvira !

Prata da casa disse...

A ficar cheia de curiosidade...
Bjn
Márcia

Rosemildo Sales Furtado disse...

Se há condições, o melhor é correr atrás da verdade.

Abraços,

Furtado

Gaja Maria disse...

Mais uma história que promete :)
Beijinho Elvira

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Elvira
só tinha lido a primeira parte, agora li esta e vou ler todos os postes.
beijinho
PS Comentarei o ultimo depois de os ler todos.
:)